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Alma Africana |
A mostra reúne objectos representativos de diferentes culturas e territórios do continente africano, nomeadamente Congo, Moçambique, Guiné- Bissau, Nigéria, Libéria, Mali, Gana, Quénia, entre vários outros países, propondo uma visao da que é impropriamente chamada “arte africana”, termo demasiado genérico para designar práticas artísticas e estéticas tão diferentes e distantes tanto geograficamente como para os usos e funções a elas atribuídas. |
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“A minha relação com o continente africano é uma historia de amor! Adoro África e sempre que posso regresso. O cheiro da terra molhada, o ar quente e húmido, a cor avermelhada, o céu estrelado e luminoso, as árvores ancestrais, as cenas da vida selvagem, os lagos salgados e barrentos, os pássaros de plumagens coloridas, os sons da savana... é uma miríade de visões, cheiros e sons. África é realmente apaixonante! Em cada esquina, em cada rosto, há algo de mágico, que se mescla num misto de emoções veementes e marcantes. Este é deveras um mundo à parte! As suas gentes, os seus ritos e costumes, a sociedade... tudo isto, é a minha realidade, a minha pátria do coração! É a terra onde se para para brindar a vida!”
Com estas palavras José Berardo descreve, no catálogo dedicado à exposição Alma Africana, a sua intensa relação com a África, de que é testemunho a sua grande Colecção exposta na Galeria Pateo de Galé em Lisboa, no Terreiro do Paço, hoje Praça do Comércio, perto do rio Tejo.
A mostra reúne objectos representativos de diferentes culturas e territórios do continente africano, nomeadamente Congo, Moçambique, Guiné- Bissau, Nigéria, Libéria, Mali, Gana, Quénia, entre vários outros países, propondo uma visao da que é impropriamente chamada “arte africana”, termo demasiado genérico para designar práticas artísticas e estéticas tão diferentes e distantes tanto geograficamente como para os usos e funções a elas atribuídas. Os exemplares fazem parte da Colecção Berardo, propriedade do empresário português José Berardo, um dos maiores coleccionadores de arte do país lusitano, que, originário da Madeira, passou muito tempo em África, onde teve início o seu interesse pelo mundo da arte.
Na Galeria lisboeta é possível admirar parte de três diferentes colecções e a própria exposição, administrada por Geertz G. Bourgois, é pensada e articulada num percurso que se desenvolve em três secções: há um núcleo arqueológico, um etnográfico e finalmente amostra da arte contemporânea.
Na secção arqueológica encontram-se numerosas terracotas funerárias que pertencem à cultura Bura-Asinda-Sika, descobertas em 1975 e que aludem a formas fálicas, e duas cabeças também com função funerária que provêm respectivamente da cultura Nok do Níger e do grupo étnico Akan do Gana.
Segue-se a mais volumosa secção etnográfica onde encontramos testemunhos de variadas populações africanas e dos seus objectos de culto: há objectos manufacturados da Arte Ashanti, o maior grupo étnico da população Akan do Gana, do Togo e da Costa do Marfim; máscaras faciais e dorsais que representam, com um estilizado antropomorfismo ou zoomorfismo, os antepassados e os espíritos malignos ou benignos; fetiches e estátuas de madeira que retratam figuras femininas, masculinas ou hermafroditas, dos Dogon e dos Bamana (Mali), dos Dan e Bete (Costa do Marfim), dos Bamileke, dos Bamun e Bangwa (Camarões); encontramos bancos e tronos, cujos suportes são frequentemente cariatides, objectos de poder utilizados durante os cultos pelos chefes da sociedade ou por indivíduos que ocupam posições de prestígio. Finalmente estão também presentes obras que se referem ao mundo feminino: jóias feitas por mulheres, bonecas da fertilidade com características femininas, tambores tocados exclusivamente por mulheres durante casamentos ou outras importantes ocasiões ligadas ao horizonte feminino.
A esta primeira parte etnográfica, dedicada à arte dos povos da África ocidental, central e meridional, serve de complemento uma segunda parte centrada na produção das populações que vivem nos territórios de língua portuguesa: trata-se novamente de máscaras, estátuas, potes provenientes dos Baga e Balanta (Guiné e Guiné-Bissau), dos Guanguela e Luena (Angola), dos Maconde (Moçambique) e utilizados durante as danças, cerimónias de iniciação ou em outras ocasiões rituais.
A exposição termina com uma secção virada para a arte contemporânea onde se pode fazer ter uma ideia da influência exercida pelo Ocidente sobre a arte africana. Desde cerca de 1960, após a criação dum fluxo turístico e comercial mais vasto com o estrangeiro, são realizadas obras que repropõem formas de arte local já existentes cujo objectivo é somente o de satisfazer as exigências dos compradores estrangeiros.
É o caso de Cherno T. Camará (Guiné- Bissau) com as suas esculturas e mascaras no estilo Nalu – uma povoação local - que acabam por ser modelos de arte colonial para o comércio estrangeiro.
Dos Maconde de Moçambique são enfim provenientes muitas esculturas de marfim ou ébano, realizadas pelos artistas locais (Paulo Armando, Atanasiu Binamu, Santos Joaquim, Simão Sadique M’Punga, Muanjema, Pajume, Severino Sambili) desde cerca de 1960. Parece existir, neste caso, uma distinção marcada entre este tipo de arte que reflecte a tradição, mas que já não é definida como arte tradicional, despida de qualquer conotação cerimonial, e a arte pré-colonial, mesmo em virtude do facto de que a nova arte dos Maconde é pensada e dirigida ao mercado estrangeiro.
Último exemplo da nova “arte africana” é oferecido pelas esculturas de pedra do Zimbabwe, conhecidas como esculturas Shona de Tengenenge, uma comunidade que tem acolhido numerosos artistas provenientes de diversos países africanos. Na base desta experiência artística, estão sem duvida, traços das práticas tradicionais, embora, também neste caso, já não sejam atribuídas a estes objectos funções rituais.
A exposição foi inaugurada a 26 de Outubro de 2009 e foi encerrada dia 7 de Fevereiro de 2010. |
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Alma Africana |
La mostra riunisce pezzi rappresentativi di differenti culture e territori del continente africano ovvero Congo, Zâmbia, Angola, Mozambico, Guinea- Bissau, Nigeria , Liberia, Mali, Ghana, Kenya e molti altri Paesi ancora, proponendo un saggio di quella che viene impropriamente chiamata “arte africana” , termine troppo generico per designare pratiche artistiche ed estetiche tanto differenti e distanti sia geograficamente che per gli usi e le funzioni ad esse attribuite. |
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“La mia relazione col continente africano è una storia d’amore! Adoro l’Africa e quando posso vi faccio sempre ritorno. L’odore della terra bagnata, l’aria calda e umida, il colore rossastro, il cielo stellato e luminoso, gli alberi ancestrali, le scene di vita selvaggia, i laghi salati e fangosi, i passeri dalle piume colorate, i suoni della savana… è una miriade di visioni, odori e suoni. L’Africa è veramente appassionante! In ogni angolo, in ogni viso, c’è qualcosa di magico, che si mescola in un misto di emozioni veementi e marcanti. Questo è davvero un mondo a parte! La sua gente, i suoi riti e costumi, la società… tutto questo è la mia realtà, la mia patria del cuore! E’ la terra dove ci si ferma per brindare alla vita!” Con queste parole José Berardo descrive, nel catalogo dedicato alla mostra Alma Africana (Anima Africana), la sua intensa relazione con l’Africa, testimoniata da parte della sua ingente collezione esposta nella Galleria Pateo de Galè di Lisbona, situata nel Terreiro do Paço ovvero l’odierna Praça do Comercio, nei pressi del fiume Tago. La mostra riunisce pezzi rappresentativi di differenti culture e territori del continente africano ovvero Congo, Zâmbia, Angola, Mozambico, Guinea- Bissau, Nigeria , Liberia, Mali, Ghana, Kenya e molti altri Paesi ancora, proponendo un saggio di quella che viene impropriamente chiamata “arte africana” , termine troppo generico per designare pratiche artistiche ed estetiche tanto differenti e distanti sia geograficamente che per gli usi e le funzioni ad esse attribuite. Gli esemplari presenti fanno parte della Collezione Berardo di proprietà dell’imprenditore portoghese José Berardo, uno dei maggiori collezionisti d’arte del Paese lusitano, il quale, originario dell’Isola di Madeira, ha trascorso un lungo periodo in Africa dove ha avuto inizio il suo interesse per il mondo dell’arte. Nella Galleria lisboeta è possibile ammirare parte di tre differenti collezioni e l’esposizione stessa, curata da Geertz G. Bourgois, è pensata e articolata in un percorso che si snoda in tre sezioni: vi è un nucleo archeologico, uno etnografico e infine un resoconto dell’arte contemporanea. Nella sezione archeologica si incontrano numerose terracotte funerarie provenienti dalla cultura Bura-Asinda-Sika, scoperte nel 1975 che sembrano alludere a forme falliche, e due teste anch’esse con funzione funeraria provenienti rispettivamente dalla cultura Nok del Niger e dal gruppo etnico Akan del Ghana. Segue la più corposa sezione etnografica dove ritroviamo testimonianze di svariate popolazioni africane e dei suoi oggetti di culto: vi sono esposti i manufatti dell’Arte Ashanti, maggiore gruppo etnico della popolazione Akan del Ghana, del Togo e della Costa d’Avorio; maschere facciali e dorsali che rappresentano, con uno stilizzato antropomorfismo o zoomorfismo, gli antenati e gli spiriti maligni o benigni; feticci e statue di legno che ritraggano figure femminili, maschili o ermafrodite, dei Dogon e dei Bamana (Mali), dei Dan e dei Bete (Costa d’Avorio), dei Bamileke, dei Bamun e dei Bangwa, (Camerun); troviamo sgabelli e troni, i cui sostegni sono spesso delle cariatidi, oggetti di potere utilizzati in luogo di culto dai capi delle società o da individui che occupano posizioni di prestigio. Sono infine presenti oggetti che fanno riferimento al mondo femminile: gioielli realizzati da donne, bambole dalle fattezze femminili con la funzione di propiziare la fertilità, tamburi suonati esclusivamente dalle donne in occasione di matrimoni, battesimi o altre importanti ricorrenze legate all’orizzonte femminile. A questa prima parte etnografica, dedicata all’arte delle popolazioni dell’Africa occidentale, centrale e meridionale, fa da complemento una seconda parte incentrata sulla produzione artistica dei popoli che abitano i territori di lingua portoghese: si tratta ancora una volta di maschere, vasi, statue provenienti dai Baga e Balanta (Guinea e Guinea-Bissau), dai Guanguela e Luena, (Angola), dai Maconde (Mozambico) e utilizzati durante le danze, cerimonie di iniziazione o altre occasioni rituali. Chiude la mostra la sezione dedicata all’arte contemporanea dove ci si può fare un’idea dell’influenza impressa dall’Occidente sull’arte africana. A partire dal 1960 circa, in seguito alla creazione di un flusso turistico e commerciale più ampio con l’estero, vengono infatti realizzate opere che ripropongono forme di arte locale già esistenti e il cui scopo è solamente quello di soddisfare le esigenze degli acquirenti esteri. E’ il caso di Cherno T. Camará (Guinea-Bissau) con le sue sculture e maschere in stile Nalu - una popolazione locale - che diventano modelli di arte coloniale pensata per il commercio estero.
Dai Maconde del Mozambico provengono infine moltissime sculture d’avorio o di ebano realizzate da artisti locali (Paulo Armando, Atanasiu Binamu, Santos Joaquim, Simao Sadique M’Punga, Muanjema, Pajume, Severino Sambili) sempre a partire all’incirca dal 1960. Sembra esservi in questo caso una netta distinzione tra questo tipo di arte che rispecchia la tradizione ma che non viene più definita arte tradizionale, spogliata da qualsiasi connotazione cerimoniale e l’arte pre-coloniale, proprio in virtù del fatto che la nuova arte dei Maconde è pensata e indirizzata al mercato estero.
Ultimo esempio della nuova “arte africana” è dato dalle sculture in pietra dello Zimbabwe, conosciute come sculture Shona di Tengenenge, una comunità che ha accolto numerosi artisti provenienti da diversi Paesi africani. Alla base di questa esperienza artistica vi sono inevitabilmente ancora tracce delle pratiche tradizionali, sebbene, anche in questo caso, non siano più attribuite a tali oggetti funzioni rituali.
L’esposizione è stata inaugurata il 26 ottobre del 2009 e si è chiusa il 7 febbraio 2010. |
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Bibliography, links, notes: |
Pen: Gianira Ferrara
Portuguese Version: Gianira Ferrara
Link: www.museuberardo.com/
mirror.berardocollection.com/ |
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